terça-feira, setembro 27, 2005

Fatima...a...

Quando temos razão antes de tempo

Ora vejam lá, um anunciado corte no investimento público, porque será que não estou nada admirado, há pelo menos 2 meses tinha previsto esta situação em virtude de considerar, como ainda considero hoje, que as medidas de combate ao défice eram muito limitadas. E na altura recordo que disse e escrevi que uma de três coisas teriam de acontecer, e quem sabe se não mesmo as três, ou se voltava a mexer nos impostos (agravando-os ainda mais), ou se cortava com a politica social, ou por fim se cortava no investimento público, que parece que vai ser a solução prevista no orçamento de 2006.
Agora é a altura de reflectir sobre consequências, e a maior de todas elas é o "esbanjar" de milhões de euros de fundos comunitários, visto que a redução do nosso investimento interno implica só por si a impossibilidade de recorrer aos fundos que nos foram destinados por este último grande quadro de apoio.
Não quero ser pessimista, nem quero interpretações erradas, mas não vamos resolver nada com este tipo de opções, e mais tarde ou mais cedo teremos de mexer na denominada politica social, tão "cara" ao Partido Socialista e aos partidos de esquerda, pois não haverá outra hipotese, uma vez que mexer em impostos e novamente em investimento seria o descalabro de um país como o nosso, a passar por uma grave crise economico - financeira.

Veneza

sexta-feira, setembro 23, 2005

Trabalho e Descanso na Justa Medida

A mente não se deve manter sempre na mesma intenção ou tensão, antes deve dar-se também à diversão. Sócrates não se envergonhava de brincar com as crianças, Catão aliviava com vinho o seu ânimo fatigado dos cuidados públicos e Cipião dançava com aquele corpo triunfante e militar (...) O nosso espírito deve relaxar: ficará melhor e mais apto após um descanso. Tal como não devemos forçar um terreno agrícola fértil com uma produtividade ininterrupta que depressa o esgotaria, também o esforço constante esvaziará o nosso vigor mental, enquanto um curto período de repouso restaurará o nosso poder. O esforço continuado leva a um tipo de torpor mental e letargia. Nem os desejos dos homens devem encaminhar-se tão depressa nesta direcção se o desporto e o jogo os envolvem numa espécie de prazer natural; embora uma repetida prática destrua toda a gravidade e força do nosso espírito. Afinal, o sono também é essencial para nos restaurar, mas se o prolongássemos constantemente, dia e noite, seria a morte.

Séneca, in 'Da Brevidade da Vida'

quarta-feira, setembro 21, 2005

Fotos

Conquistas Espaciais

Glaciares

Paisagens

Grandes Homens Forjam-se a si Próprios

"Para conhecer a realidade do mundo, único fim sério da ciência, é preciso entrar no combate da vida como entravam na liça os paladinos bastardos - sem pai e sem padrinho. Os príncipes não constituem excepção a esta lei geral da formação dos homens. Da educação de gabinete, do bafo enervante dos mestres, dos camareiros e das aias, nunca sairam senão doentes e pedantes. Na sagração dos czares há uma cerimónia de alta significação simbólica: o imperador não se confirma enquanto por três vezes não haja descido do trono e penetrado sozinho na multidão; e isto quer dizer que na convivência do povo a autoridade e o valor dos monarcas recebe uma tão sagrada unção como a da santa crisma. Todos os reis fortes se fizeram e se educaram a si mesmos nos mais rudes e mais hostis contactos da natureza e da sociedade humana.
Veja vossa alteza Carlos Magno, que só aos quarenta anos é que mandou chamar um mestre para aprender a ler. Veja Pedro o Grande, do qual a educação de câmara começou por fazer um poltrão. Aos quinze anos não se atrevia a atravessar um ribeiro. Reagiu enfim sobre si mesmo pela sua única força pessoal. Para perder o medo aos regatos, um dia, da borda de um navio, arrojou-se ao mar. Para se fazer marinheiro começou por aprender a manobrar, servindo como grumete. Para se fazer militar começou por tambor na célebre companhia dos jovens boiardos. E para reconstituir a nacionalidade russa começou por construir navios, a machado, como oficial de carpinteiro e de calafate, nos estaleiros de Sardam. Também não teve mestres, e foi consigo mesmo que ele aprendeu a lingua alemã e a lingua holandesa. Veja vossa alteza, enfim, todos aqueles que no governo dos homens tiveram uma acção eficaz, e reconhecerá se é na lição dos mestres ou se é no livre exercicio da força e da vontade individual que se criam os carácteres verdadeiramente dominadores, como o de Cromwell, como o de Bonaparte, como o de Santo Inácio, como o de Lutero, como o de Calvino, como o de Guilherme o Taciturno, como o de Washington, como o de Lincoln."


Ramalho Ortigão, in 'As Farpas (1883)'


PS: Se realmente queremos alguma coisa, temos ser nós a busca-la, porque ninguém nos dá nada de graça. O Homem faz-se a si mesmo, e o destino não nos dá nada de nada.

Em Lisboa...

quinta-feira, setembro 15, 2005

EUA...bla...bla...bla

Quem ajuda o Senhor?

É uma ideia

segunda-feira, setembro 12, 2005

O Homem Ponderado Governa

Cultive a ponderação. É poder controlado. Armazena energia para ser usada em circunstâncias especiais. Ponderação é a arte de erguer as sobrancelhas em vez de deitar o telhado abaixo. Conserva-o calmo e acautelado em diferentes circunstâncias. Não significa fraqueza, nem estupidez, ou indiferença ou desinteresse. Na sua forma mais alta sugere autoconfiança, independência e domínio perfeito. O homem ponderado governa. O trabalho feito com ponderação é mais profícuo porque é bem feito, meticuloso e inteligente. Exerce uma grande influência sobre as outras pessoas. Sugere a existência de largas reservas de energia. Ponderação é poder bem controlado e dirigido. Evita desperdiçar energias vitais, e dá o equilíbrio necessário a todas as nossas forças.

Alfred Montapert, in 'A Suprema Filosofia do Homem'

sexta-feira, setembro 02, 2005

2ª Vaga do "Katrina"

Mais vale ir para Marte...

Como isto anda nos últimos tempos começo a pensar que é melhor desaparecer deste planeta...



O tempo dos 'pais fundadores'

A economia começa na política. Em momentos cruciais na vida dos povos, quando as dúvidas e o pessimismo parecem tomar conta do espírito colectivo, é preciso compreender que os problemas aparentemente económicos apenas poderão ser resolvidos com vontade política. Foi sempre assim. E não se fale de gerações ou de soluções providenciais, nem de tempos fechados ou de passados sem futuro. Quando está em causa a vontade política, o essencial é a criação de uma corrente positiva, mobilizadora, centrada na audácia e no entusiasmo. Por muito que isso desgoste a alguns, a verdade é que estamos num momento em que a reno- vação, a abertura de novos horizontes, passa pelo fortalecimento das raízes - num sentido prospectivo, virado para o futuro, como sempre ensinou António Sérgio. E esse "patriotismo prospectivo" obriga a agitar as águas no sentido de tornar os desígnios da democracia e da Europa factores de mobilização cívica e bandeiras que contrariem os conformismos burocráticos e o ramerrão das soluções baseadas nas perigosas continuidades.Num momento em que o centro-esquerda e a esquerda têm de recusar o mimetismo que tende a confundir sociedade aberta e fundamentalismo de mercado, e em que o Estado social é chamado a consolidar-se, demarcando-se do "Estado mínimo" e do "Estado burocrático", reforçando os instrumentos que tornem a igualdade e a diferença faces de uma mesma moeda, chega a altura de mobilizar a Nação democrática. O desânimo pode levar à decadência e ao enfraquecimento das instituições. O pessimismo pode abrir caminho à perda de influência. A autoflagelação apenas pode fortalecer a mediocridade e a irrelevância. Eis porque é preciso pôr as vontades empenhadas ao serviço de uma mudança de atitude. E as próximas eleições presidenciais terão de ser aproveitadas para pôr a tónica numa inversão de tendência na vida política nacional que leve o País a acreditar e a assumir as suas responsabilidades.Os desígnios da democracia e da Europa, lançados premonitoriamente por Mário Soares, quando havia quem se escondesse atrás de argumentos burocráticos e formais para levantar dúvidas, apenas poderão ser defendidos e desenvolvidos se não se deixarem aprisionar por lógicas redutoras e defensivas.Ponhamos os olhos na história política do final do século XIX português. O regime constitucional perdeu força e legitimidade porque foi incapaz de ligar a inovação e a renovação e de garantir uma fidelidade actualista aos princípios cívicos essenciais.A democracia nunca está fechada ou adquirida. Precisa de se renovar substancialmente - na sociedade civil. O sangue novo tem de se ligar às instituições como realidades vivas. Mas o "sangue novo" pressupõe consciência histórica e capacidade de ligar as várias gerações. E se se fala de Europa, a verdade está em que também aí não se trata de um mero "funcionalismo económico". Faltam "suplemento de alma", vontade e ânimo políticos para responder aos desafios do alargamento, da Europa política, de uma nova parceria euro-atlântica. Tudo está a mudar e por isso é necessário dispormos de uma "visão de futuro", de capacidade para ter golpe de asa, de vontade e força para ultrapassar as barreiras entre gerações, os conflitos conceptuais, as lógicas puramente técnicas.A prova está feita a mediocridade só se contraria se houver autoridade moral democrática para passar por cima das divisões e dos impasses.Há medo que se diga que as gerações novas não têm capacidade de renovar a vida política e de suscitarem a auto-reforma da democracia? Infelizmente, a memória é muito curta. A política renova-se ligando os "pais fundadores" às novas gerações e nunca procurando fazer tábua rasa do tempo passado. O fracasso e a mediocridade, que muitos diagnosticam, resultam de uma falsa ideia de auto-suficiência. A renovação necessária faz-se com todos e, em especial, com os melhores, com aqueles que têm provas dadas. Todos nos recordamos desse momento único em que Mário Soares foi a Praga dar o seu apoio pessoal e político a Vaclav Havel e à "revolução de veludo". Nesse dia juntaram-se duas referências morais do "espírito europeu" e de uma ideia de democracia de futuro. Nesse dia, a política e a economia juntaram-se, em nome da cidadania.Afinal, a economia europeia nada significa sem a política, no sentido mais nobre da palavra. Uma união de Estados e povos livres e soberanos precisa de memória e de vontade. O papel dos "pais fundadores" da democracia europeia não passou. O seu tempo continua a ser hoje. Continua e é essencial. Mário Soares é o símbolo.


Guilherme d'oliveira martins